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O que são afinal os probióticos e o que representam para a saúde?

No mundo moderno, aumenta a esperança média de vida e com ela o crescimento dos custos com a saúde, porque a par da modernidade o número de doenças e doentes cresce também. Importa assegurar à sociedade uma longa vida, mas essencialmente qualidade de vida! É na busca deste propósito que surgem cada vez mais investigações e procura de conhecimento à volta de alimentos que tragam benefício à saúde, paralelamente à sua função de nutrir. O conceito de nutrição funcional, ou nutrição otimizada, surge desta necessidade de adaptação da nutrição ao novo estilo de vida da sociedade. Neste contexto os alimentos funcionais, e especialmente os probióticos, são conceitos a crescer a um ritmo interessante. Os profissionais de saúde reconhecem cada vez mais os efeitos dos probióticos sobre a saúde humana e os estudos intensificam-se nesta área.

Mas o que são probióticos?

O termo probióticos deriva do grego e significa “pró-vida”, ou a favor da vida. A definição internacionalmente aceite é a de que os probióticos são microrganismos vivos que quando administrados em quantidades adequadas conferem benefício à saúde do hospedeiro (FAO e OMS – 2001). Os probióticos podem ser obtidos através do consumo de alimentos aos quais foram adicionados, como leites fermentados e iogurtes, ou em comprimidos ou pós, como suplementos alimentares. Para ser considerado probiótico o número de microrganismos deve estar presente em número suficiente de culturas ativas e vivas, devem ser resistentes à passagem pela acidez do estômago, estar viável para colonizar o intestino e ser benéfico para a saúde. Diversos microrganismos são reconhecidos como probióticos, sendo os mais conhecidos, as bactérias Bifidobacterium e Lactobacillus, mas não os únicos a ser usados. Ao adicionar bactérias aos alimentos para lhe conferir este efeito, a indústria deve incluir na embalagem informação sobre o tipo de microrganismo adicionado e a quantidade de microrganismos viáveis até ao fim de vida útil do produto.

Quando se fala de probióticos, quase sempre, se faz a associação ao iogurte, no entanto existem muitos outros alimentos que podem representar efeito probiótico. Existem alimentos que pelo processo de fermentação que sofrem, possuem também esse efeito, como é o caso do kefir, miso, kombucha, chucrute, kimchi, etc. Os microrganismos usados para este tipo de alimentos, que podem ser bactérias e/ou fungos, possuem assim função dupla, a da fermentação com os seus benefícios sobre o sabor, conteúdo nutricional, prazo de armazenamento, e a do efeito probiótico, especialmente ao nível do intestino. No entanto, em sentido estrito, o termo “probiótico” deve ser usado para referenciar um microrganismo vivo que em estudos em humanos controlados, demonstrou reproduzir efeitos benéficos à saúde.

Benefícios à saúde

Os benefícios à saúde atribuídos ao consumo de culturas probióticas são diversos, mas os que mais se destacam estão associados ao reequilíbrio da flora intestinal após o uso de antibióticos, promoção da digestão da lactose, alívio da obstipação, aumento da absorção de minerais e vitaminas pelo intestino ou em caso de diarreia na recolonização do intestino, e na estimulação do sistema imunitário.

Existem outros efeitos que embora ainda não comprovados, oferecem evidências promissoras, como no caso da diminuição do risco do cancro do cólon e doenças cardiovasculares, prevenção de infeções urinárias, redução da atividade da Helicobacter pylori, diminuição do colesterol ou efeitos anti-hipertensivos. O leque de atividade dos probióticos pode ser dividido em efeitos nutricionais, fisiológicos e antimicrobianos. Mas no geral, a evidência clínica mais forte centra-se no seu efeito sobre o sistema imunitário e na saúde do intestino. De referir que os diferentes tipos de microrganismos probióticos têm funções diferentes e devem ser usados de acordo com o fim a que se destinam e nas doses recomendas. Pacientes imunodeprimidos ou com infeções graves, devem consultar o médico antes de optar pelo uso de probióticos como suplemento.

Onde e como atuam

O intestino é o local de atuação dos probióticos, especialmente o cólon. Em condições normais, o intestino está povoado de inúmeras espécies de bactérias (“boas” e “más”), e o seu equilíbrio impede que os microrganismos potencialmente perigosos, exerçam efeito patogénico, que pode estar na origem de diversos problemas de saúde graves. O intestino é o órgão mais importante relacionado com a função imunitária, cerca de 60% de todas as células imunes estão na mucosa intestinal. Uma flora intestinal desequilibrada causa alterações como diarreia, obstipação, eczema, alergia alimentar, doenças inflamatórias intestinais e artrite. Os probióticos têm a capacidade de aumentar a população de bactérias “boas”, inibindo a proliferação das bactérias “más”, através da colonização da mucosa intestinal, o que impede a produção de toxinas ou invasão da mucosa por bactérias patogénicas. O que acontece é que os probióticos competem com as bactérias indesejáveis, pelos nutrientes disponíveis, bem como produzindo substâncias antimicrobianas e assim, impedem a sua proliferação.

copo-kombuchaProbióticos na promoção da qualidade de vida

A atividade da microbiota intestinal sofre diariamente alterações pela dieta, pelo estilo de vida, pela toma de medicação, e muitas dessas atividades estão relacionadas, também, com a síntese de compostos cancerígenos. É por isso fundamental garantir o equilíbrio da flora intestinal na promoção da saúde e melhoria da qualidade de vida. Os probióticos ocupam assim uma posição de destaque na contribuição para uma nutrição preventiva. É possível aumentar o número de microrganismos promotores da saúde pela alimentação ou pela toma de suplementos alimentares.

 

Referências:

- Probióticos e prebióticos - Diretrizes Mundiais da Organização Mundial de Gastroenterologia. Outubro 2011;

- Saad , Susana Marta Isay. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas, vol. 42, n. 1, jan./mar., 2006;

- Guarner, F. Requena, T. Marcos, A. Declaraciones consensuadas del Workshop: “Probióticos y Salud: Evidencia Científica”. Nutr Hosp. 2010;25(5):700-704.


- Probióticos en los alimentos. Propiedades saludables y nutricionales y directrices para la evaluación. ESTUDIO FAO ALIMENTACIÓN Y NUTRICIÓN. FAO y OMS 2006.



Inserido em: 2013-10-04 Última actualização: 2013-10-08

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Autores > Cláudia Maranhoto